4 de agosto de 2013

A História de Lilith



Vamos apresentar hoje uma personagem muito pouco conhecida do grande público, mas de muita importância nos contos bíblicos de outrora. Mas, para falar sobre isso, temos que voltar ao início de tudo, ao livro do Gênesis no antigo testamento. Vamos a um pequeno teste: Qual foi o primeiro homem criado por Deus? Adão? Certa resposta. Agora, e a primeira mulher criada por Ele. Qual foi? Eva? Ah, mas você está ABSOLUTAMENTE ERRADO!
A primeira mulher criada por Deus foi LILITH. Inclusive, acredita-se que o fato do Gênesis citar duas vezes a criação do ser humano é justamente por conta dela, pois, na primeira citação da criação do homem temos: “E disse Deus: façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;”, “E criou Deus o homem a sua imagem; a imagem de Deus os criou; macho e fêmea os criou”.
Essa “fêmea” seria Lilith. Antes de contar a história de Lilith, vamos ao motivo dela não ser descrita no Gênesis. Bem, como todos sabem, os Hebreus ficaram um bom tempo exilados na Babilônia (até serem libertos pelos Persas, comandados por Ciro II). Nesse período, os babilônicos passaram a adorar Lilith, eles a cultuavam como uma deusa da Fertilidade. Enquanto os Hebreus a tinham como um demônio, o que mais tarde acabou dando origem a lendas vampirescas sobre ela.
Considerada um demônio e adorada pelos seus captores babilônicos, Lilith perdeu representatividade aos poucos entre os Hebreus, e foi retirada do Velho Testamento. Agora vamos à história desta mulher marcante: Adão e Lilith viviam no Éden. Mas, diferentemente de Eva, que foi criada a partir de uma costela de Adão, Lilith originara-se da mesma matéria do marido, além de ser forte e dominadora. Por isso, não admitiu ficar sexualmente abaixo de Adão. Assim ela dizia: “Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti?" "Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual”. Lilith reclamou de sua condição a Deus, que disse apenas que essa era a ordem natural, o domínio do homem sobre a mulher. Lilith se enfureceu e abandonou o Éden. Deus enviou três anjos em seu encalço, mas ela se recusou a voltar. Agora sozinha, ela se juntou aos anjos caídos e se casou com Samael.
Os dois se juntaram e planejaram fazer com que Adão e Eva cometessem adultério. Lilith tentou Adão, que cedeu. Samael tentou Eva e, acredita-se que Caim tenha sido gerado desta relação. Apesar de ter sido excluída do Genesis, Lilith ainda teve bastante influência nas tradições judaicas. Em suas lendas ela era conhecida por duas coisas: Sedução de homens, e profanação de crianças. Quando crianças eram abortadas ou morriam, a culpa recaía sobre ela.
Na tradição judaica, Lilith é inimiga clássica de meninos pequenos. Segundo estas tradições, do nascimento até o oitavo dia de vida essas crianças ficam muito vulneráveis a Lilith. Isso porque ainda não foram circuncidadas. É a tradição judaica de, no oitavo dia de vida, o menino Judeu submeter-se ao pacto com Abraão, através da circuncisão do prepúcio.
Nesses oito dias o menino fica completamente desprotegido, e Lilith pode vir a qualquer momento. Exatamente por isso, na tradição dos judeus existe um anjo chamado Malakh Habrit, o anjo do pacto, que protege a criança nesses oito dias. Seu símbolo é uma espada. É da cultura popular colocar uma espada sob o berço por oito dias, representando assim, o anjo da proteção.
Mas, mesmo após a circuncisão, o menino ainda corre risco de ser pego por Lilith. Daí vem outra tradição: Não cortar o cabelo dos meninos até que completem três anos. O cabelo dele fica comprido, assim, se Lilith vier à noite e olhar para a cama, pensará que tem uma menina ali. Apesar de não fazer parte da educação judaica, essas tradições ainda fazem parte de suas superstições.
Lilith acabou se tornando o símbolo da mulher forte e, por isso, existe até uma revista feminista com o nome dela. Diferentemente de Eva, que veio da costela de Adão, Lilith veio do pó e, por isso, queria ser tratada com igualdade. Eva por seu lado representa exatamente o oposto.
Porque, além de ter sido criada a partir de Adão, ela ainda recebeu duas punições de Deus por ter ouvido a serpente. Com isso a mulher foi punida com a dor do parto, para que se lembre do pecado, e pior, Deus decretou que: “Será a mulher subserviente ao homem”.
Exatamente o contrário do que pensava Lilith. Lilith é uma personagem fenomenal, pois, apesar de não fazer parte da explicação judaica clássica, ela sempre esteve presente em suas tradições e superstições. É na verdade um grande paradoxo. Mas, o fato é: Lilith sobreviveu mesmo sem ensinarem sobre ela, e isso torna sua figura ainda mais impressionante.

Um comentário :

Unknown disse...
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